REVERDECER
O livro de parede Reverdecer é um elogio à delicadeza, atributo incompreendido, frequentemente identificado com vulnerabilidade. Quando associada à figura masculina, a delicadeza denota fraqueza e falta de virilidade, se associada à figura feminina sugere um ser frágil quase infantil. No entanto, o quanto de força e firmeza são necessários para se atuar delicadamente no mundo.
As imagens e escritos desse livro se referem às sensações delicadas que poetizam a gravidade da existência. Nas suas páginas, a delicadeza é exaltada de forma semelhante às pinturas de Matisse. O artista afirmava que um quadro deve “reter o espectador sem prendê-lo”, para fazê-lo sentir delicadamente a qualidade do sentimento expresso (Matisse, 1908).
Este livro de parede também faz parte das minhas investigações sobre as fronteiras entre o design e a arte. Ao considerar a possibilidade de desarticulação entre usos e funções, o designer passa a projetar de modo mais aberto, gerando projetos resistentes aos imperativos da forma e eventual obsolescência, abrindo a possibilidade para novas indagações, estranhamentos e surpresas sobre temas, até então, considerados inquestionáveis no design moderno (Cardoso, 2012). Por isso é importante que o design contemporâneo articule pensamentos de outras áreas, como a filosofia e arte, para que ele possa mais que estetizar e funcionalizar o mundo, agir revolucionariamente dentro dele.
Escritos do livro Reverdecer
REVERDECER:
tornar ao verde, verdejar;
salvar do esquecimento, ressuscitar, rememorar;
rejuvenescer, renovar, vivificar.
DOR CRISÁLIDA?
….tristeza suave…
Não muito, só de vez em quando, n’alma.
DIÁSPORA
Da árvore das almas era preciso de desgarrar e depois encarnar para (aí sim!) conhecer a latência das palavras que só encontram rumo na aplicação cuidadosa dos sentidos.
Palavras são difíceis de entender fora da pele.
ÀS AMIGAS
De repente elas se deram conta que só podiam estar reverdecendo.
Essa sensação não era um sinal isolado.
Fez com que elas percebessem outros mais sutis.
Coisas que elas deixaram de fazer há tempos, voltaram ao rol de suas atividades.
As ondas de felicidade que tinham sumido começaram a se esboçar novamente.
Delicadezas da imaginação que tornam tudo mais leve.
Forças suaves. Qualidades diminutas. Brisa e balanço.
SOBRE AS MUITAS FORMAS DO REVERDECER
O que é (ou como é) se colocar sob o ponto de vista da poesia?
Isto é o que importa.
Não basta simplesmente rememorar ou vivificar algum tempo ou lugar específico.
Mas ir ao encontro de algo primordial e inespecífico que secretamente conseguimos (des)conhecer
“Folheies” e veja o livro‑objeto e suas imagens.